31 maio, 2011

Os Sorridentes...

Eu sou um jogador de RPG, nunca escondi isso de ninguém, comecei a jogar Dungeons & Dragons (vulgo D&D) com um grupo de amigos em 2003 mantendo uma campanha por quase um ano. Com o fim desse grupo,  dois amigos desse primeiro grupo e eu juntamos com mais outros dois amigos que também jogavam e montamos um grupo bem mais sólido.

Neste grupo novo a gente começou a buscar uma experiência maior de interpretação e imersão nos contextos do jogo, mesmo o D&D sendo um sistema que favorece o combate, a gente começou a focar bem mais na interpretação. Nosso mestre era um homicida de personagens, o que nos levou também a ter muito cuidados com as ações durante as aventuras, sempre com o cu na mão com medo de perder os personagem.

Depois de amadurecermos muito jogando, o mestre nos propôs uma aventura de terror, que jogaríamos de madrugada, a luz de vela prezando pelo máximo de imersão, a galera topou meio descrente que daria certo.
O mestre deu uma noção do brackground para um dos jogadores que teria que criar um personagem novo, os restante só ficou sabendo que teríamos UNDEADS. Tudo já começou com cagada, o cara me cria um monge que teoricamente é impossibilitado de destruir um morto-vivo (não estou afim de ficar falando de regras), isso fez com que o mestre criasse qualquer coisa que ajudasse o maldito.

Depois de uma ou duas sessões recheadas de erros e cagadas por parte do jogadores, o grupo finalmente entrou no contexto da aventura, marcamos então um final de semana pra fazer um "corujão" de D&D, passamos a madrugada de sexta para sábado sob luz de velas e enfrentando zumbis conhecidos como Os Sorridentes, o mestre conduzindo tudo com perfeição e a galera atolada na história buscando um jeito de acabar com a praga, terminamos a sessão pouco antes de explorar um cemitério.

Voltamos a jogar no sábado lá pelas 22 horas, colocamos uma mesa no quintal  imenso e escuríssimo da casa do mestre, o quintal tinha algumas plantas e gaiolas dos galos do avô do mestre que só deixava a porra mais escura, sentamos e começamos a jogar, a única iluminação eram as velas e uma lâmpada do posto de gasolina ao lado que iluminava um pedacinho do quintal.

Nós estávamos na metade da aventura que misturava terror e investigação, os personagens estavam meio perdidos sobre o que fazer, os jogadores muito tensos com a história e o mestre narrando a história de forma macabra, resultado: todo mundo com medo.
Por volta da 1:00h da manhã, a gente no meio de uma tumba ou mausoléu, mestre descrevia a cena, trilha sonora fúnebre e sombria, todo mundo prestando atenção, quando bate uma rajada de vento e apagam-se as velas e por uma infame brincadeira do destino a luz do posto apaga por uns 5 segundos quase que o mesmo tempo das velas.

O mestre interrompe a descrição no meio e pula sobre a mesa caindo do meu lado, um dos jogadores cai da cadeira e quando volta a luz do posto, eu estou assustado com o mestre caindo quase no meu colo, os dois caras à minha frente com os olhos arregalados e pálidos e o outro no chão. Ou seja, o susto foi geral e até hoje a galera lembra e considera como a nossa melhor sessão de jogo, aquela que todo mundo se CAGOU de medo.

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