08 maio, 2011

Trip...

  Eu nasci em Ribeirão Preto, no interior do estado de São Paulo, após uma série de mudanças pelo estado devido a profissão do meu pai, acabei por morar 3 anos em Rancharia.

  Minha família continua morando lá, eu me mudei para Maringá no noroeste do Paraná para cursar Engenharia de Produção na Universidade Estadual de Maringá (Na UEM não tem frescura!). As duas cidades são relativamente próximas, aproximadamente 230km e com uma boa frequência vou visitar meu pais.

  Como sou um universitário falido, sem renda nem carro, viajo de ônibus e as vezes rola carona com algum conhecido. O ônibus é uma tristeza, leva em média 5 horas para percorrer os 230km, parando em diversas cidades pela caminho, em rodoviárias ou mesmo qualquer ponto de ônibus ou trecho do caminho, basta alguém chacoalhar a mão, pé ou mato que ele para.

  Boa partes do veículos da empresa que faz o percurso, são carros convencionais, sem ar condicionado, poltronas pouco reclináveis e freqüentemente com defeito, além de lotar algumas vezes faltando nego sair pela janela e o pior de tudo, muitas vezes o ônibus atrasa! 
Vale ressaltar que a maioria dos passageiros são de uma faixa bem menos favorecida e muitos são assaz esquisitos e/ou com algum comportamento inconveniente (sem preconceito com a faixa econômica em questão, mas sempre tem um mano ouvindo funk nos Mp2000 da vida.)

  Nesse sábado, resolvi visitar meu pais e lá fui eu encarar o famigerado busu. Ainda no guichê já pude notar algum tipinhos clássicos, a mãe solteira com a criança e mais 200 malas, o pseudo mano e o mano Tr00 de raíz. Quando terminei de comprar minha passagem e virei para trás, dei de cara com um moreno gordinho com uns 20 e tantos anos vestindo uma camiseta do Restart e pensei, "Hoje promete!".

  Guardei minha mala no bagageiro do ônibus e embarquei apenas com minha mochila em mãos, no assento que "seria meu" tinha uma moça sentada, sem drama, nem nada  me sentei na poltrona de trás, que para coroar a viagem estava com a trava quebrada, então não parava reclinado, mas como os assentos em votla ja estavam ocupados e detesto viajar no corredor, aceitei meu destino.

  Eu já tinha sentado há uns 3 minutos quando passa o gordinho do Restart com seu MPx ouvindo LUAN SANTANA sem fone (P.Q.P!), ele senta umas três fileiras atrás da minha, só que do lado esquerdo e o seu amigo na  mesma dele, mas fileira do lado direito. Após conversa rápida, o amigo convence o gordinho a colocar a porcaria do fone de ouvido, pude ouvir as trombetas do paraíso soando.

  Começada a viagem eu logo dormi, acordando somente quando o ônibus parava (10 em 10 minutos) ou quando passava em alguma lombada (quebra-mola, tartaruga ou como chamam onde você, leitor, mora.)  e meu assento sem trava quase me destroncava o pescoço.

  Mais ou menos na metade, eu acordei com o ônibus parando no posto da policia militar rodoviária. Dois policiais pararam o ônibus, pediram para que o motorista abrisse o bagageiro e começaram a inspecionar as malas.
Enquanto um olhava o bagageiro, o outro policial subiu no ônibus e começou a vistoriar os passageiros e seus pertences, pediu que alguns abrissem suas mochilas e mostrassem o que levavam, na minha vez, ele apenas afastou minha blusa que estava no banco do lado, pegou minha mochila sentiu "o peso" dela e me devolveu.

  Então foi revistando os passageiros atrás de mim, até chegar em QUEM? Sim ele, o Gordinho Restart, começou a peguntar de onde ele estava vindo e pediu para que tirasse o fone para enquanto falava.
Pediu os documentos e pediu também para que o acompanhasse para fora do ônibus, os dois saíram e começaram revistar AS malas do nosso companheiro de viagem.

  A bagagem do manolo era basicamente de bugigangas geralmente vendidas em feiras e exposições, brinquedos, correntes, adesivos, calendário, 3 malas recheadas disso. Após o gordinho esvaziar as malas e depois recolher os pertences, um dos policiais pergunta se ele está acompanhado, ele indica o amigo no ônibus.

  O outro policial, que até então não tinha entrado no ônibus, subiu para o carro e foi chamar o acompanhante que dormia, acordou ele com 2 cutucões na cabeça, pediu os documentos e levou-o para fora. Perguntou pela bagagem e novamente surgiram mais 3 malas recheadas de bugigangas e repetiu-se todo o processo antes feito com o gordinho.

  A viagem nem é demorada e os policiais ainda nos presenteiam com 40 minutos extras, o jeito foi sacar o iphone do bolso e jogar enquanto tudo acontecia. Após os dois refazerem as malas, os policiais liberam os dois passageiros e permite-nos prosseguir a viagem.
Porra, nem para ter rendido um dos dois por qualquer motivo só pra deixar minha história mais interessante.

  O saldo disso tudo foi chegar em casa com quase uma hora de atraso, além de ter ficado 40 minutos torrando e derretendo no ônibus parado, sem nada de emocionante acontecer.

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